Do autoconhecimento à transformação moral
(Base bibliográfica: O Livro dos Espíritos – Parte 3ª – Cap.
XII – Da Perfeição Moral)
Autoconhecimento na Visão Espírita
Queridos irmãos e irmãs,
Que a paz de Jesus esteja conosco!
Muitas vezes se pensou na história que o poder é algo que
corrompe, é algo que traz a tona aquilo que o homem tem de pior. Existe uma
frase famosa do escritor brasileiro Machado de Assis que diz: ´É errada a frase
que diz que a ocasião faz o ladrão. A ocasião faz o crime. O ladrão já nasce
feito.”
Se eu guardo dentro de mim uma intenção de tirar proveito do
outro de maneira fácil, o poder vai trazer a tona isso, vai potencializar essa minha
tendência. Porém, se eu trago dentro de mim um pacto com a minha consciência de
integridade, de lisura e de honestidade, o poder vai potencializar isso que eu
tenho. O poder não vai inventar em mim uma falta de ética. Ele vai simplesmente
trazer á tona aquilo que eu tenho. Como muitas vezes a nossa ética, a nossa
justiça é mais uma ética de coerção do que de convicção, evidentemente, o poder
vai potencializar uma tendência a tirar proveito das situações. Mas se eu
tivesse dentro de mim uma ética por convicção, logicamente eu continuaria fiel
a essa ética. (instagram – @condutaestoica)
Hoje vamos refletir sobre um tema profundo e transformador:
o autoconhecimento sob a luz da Doutrina Espírita, e como ele pode nos
transformar moralmente.
Desde os tempos antigos, grandes sábios já nos alertavam
sobre a importância de conhecer a si mesmo. A máxima de Sócrates — “Conhece-te
a ti mesmo” — atravessou os séculos e foi reforçada de forma clara e direta
pelos Espíritos superiores na codificação de Allan Kardec.
Em O Livro dos Espíritos, na pergunta 919, Kardec questiona:
“Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se
melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal?”
A resposta é curta, mas poderosa:
“Um sábio da antiguidade vo-lo disse: Conhece-te a ti
mesmo.”
Essa resposta nos mostra que o autoconhecimento é o caminho
para a reforma íntima, para a transformação verdadeira que não se limita à
aparência ou aos bons modos, mas atinge o mais profundo do ser: o Espírito
imortal.
Por que o autoconhecimento é tão importante? Simples: Porque
não podemos mudar o que não conhecemos.
Só quando nos observamos com sinceridade e humildade é que
conseguimos identificar nossas imperfeições — o orgulho, o egoísmo, a
impaciência, a intolerância — e, a partir disso, tomar consciência de que
precisamos melhorar.
Santo Agostinho, também citado na questão 919-a, nos ensina
um exercício valioso: o exame de consciência diário. Ele relata que, ao final
de cada dia, fazia perguntas a si mesmo, como:
• “O que
fiz de bom hoje?”
• “Que
erros cometi?”
• “Onde
posso ser melhor amanhã?”
Esse simples hábito, quando praticado com sinceridade, pode
nos ajudar a enxergar o que muitas vezes preferimos esconder de nós mesmos.
O autoconhecimento não é julgamento, é cura
Muitos têm medo de se olhar por dentro, como se fossem
encontrar monstros. Mas na verdade, o que encontraremos são crianças feridas,
medos antigos e hábitos adquiridos ao longo de várias existências.
O olhar que o Espiritismo nos convida a ter sobre nós mesmos
é compassivo e esperançoso. Não é um olhar de culpa, mas de responsabilidade.
O objetivo do autoconhecimento não é nos envergonhar, mas
nos libertar. Libertar-nos do orgulho que nos impede de perdoar, do egoísmo que
nos impede de amar, das ilusões que nos prendem ao materialismo.
Ferramentas para o autoconhecimento
Cinco reflexões que ajudam na busca do autoconhecimento:
1 – Porque eu agi dessa forma em tal circunstância?
2 – O que eu fiz, eu censuraria nos outros?
3 – Eu ousaria confessar a alguém sobre algo que fiz?
4 – Reentrando no mundo dos Espíritos pelo fenômeno da morte,
onde nada é oculto, eu teria o que temer diante de alguém?
5 – O que eu poderia ter feito contra Deus, contra meu
próximo, e enfim, contra eu mesmo?
A Doutrina Espírita nos oferece muitos instrumentos para
esse processo:
• O
Evangelho segundo o Espiritismo, que nos ajuda a confrontar nossos atos com os
ensinamentos de Jesus.
• A prece e
a meditação, que nos conectam com o plano espiritual e com a nossa própria
essência.
• O
convívio com os outros, que funciona como um espelho, revelando reações e
sentimentos ocultos.
• E o mais
importante: o desejo sincero de melhorar.
Conclusão
Meus irmãos, a caminhada do Espírito é longa, mas cheia de
oportunidades. O autoconhecimento é a chave que abre as portas da verdadeira
liberdade espiritual.
Como disse Emmanuel, pela psicografia de Chico Xavier:
“Sem autodomínio não há autoconhecimento, sem
autoconhecimento não há autoiluminação.”
Que possamos, a cada dia, nos observar com mais amor, nos
conhecer com mais verdade e nos transformar com mais coragem.
Muita paz a todos, e que Jesus nos fortaleça nessa jornada
de descoberta interior!