ARTIGOS  e PALESTRAS

MARIA DE NAZARÉ - Palestra Espírita

Palestra

Maria de Nazaré

Diz-nos Emmanuel, que quando chegou o tempo previsto para a vinda do Cristo, as entidades angélicas do sistema solar, movimentaram-se “nas proximidades da Terra, adotando providências de vasta e generosa importância” que foram levadas a efeito. “Escolhem-se os instrutores, os precursores imediatos, os auxiliares divinos.”

Assim num trabalho planejado e de grande relevância no mundo espiritual, processou-se a escolha daqueles que auxiliariam Jesus em sua missão de libertação pelo amor por excelência.

Todos esses colaboradores do Cristo prontificaram-se a exercer a sua missão, cada qual conforme as determinações do alto e do planejamento realizado, cabendo ao Espírito amigo e meigo que assumiu entre nós a identidade de Maria de Nazaré, a tarefa magnânima, porém muito complexa, de ser a Mãe de Jesus, e que estaria conduzindo os passos do Messias até que ele pudesse, pessoalmente, conduzir toda a humanidade nas veredas do amor, do qual foi o principal agente e exemplo incontestável. Assim, a missão de Maria começa, portanto, no plano espiritual, quando aceita fazer parte da equipe de Jesus.

Maria faz parte de um grupo de espíritos evoluídos que vieram para preparar a chegada de Jesus. É um espírito tão puro, que recebeu a missão nobre de conduzir o governador da Terra, modelo e guia da humanidade. Maria é sinônimo de amor, prova disto foi a sua resignação ao presenciar o sofrimento de seu filho, em nome da salvação da humanidade.

Maria de Nazaré, encontrando-se com idade aproximada entre 14 e 16 anos, em certa tarde, sentindo as aragens do crepúsculo próximo, estava absorta concluindo suas tarefas diárias e elevava a Deus suas orações de agradecimento pela vida, pela família composta por seu pai Joaquim e sua mãe Anna.

Nesse momento de total ligação espiritual com Deus, ela percebe a presença de uma luz intensa, que aureolava um ser que pairava à sua frente, mais parecendo uma estrela que caíra do céu e se transformara em figura humana. Era Gabriel, Espírito angélico da equipe direta de Jesus que vinha lhe trazer a notícia maravilhosa do nascimento do Messias, anunciando-lhe que ela tinha sido escolhida para receber em seu ventre o Mestre da Luz, que vinha com o propósito de modificar a paisagem espiritual do planeta, por meio da semeadura dos ensinos evangélicos, no coração humano.

Vemos no evangelho de Lucas que quando foi feito o anúncio angélico do nascimento de Jesus, Maria estava vivendo em Nazaré da Galileia, e estava noiva de José.

Para algumas religiões, a concepção de Maria é tida como um milagre, através da ação do “Espírito Santo”. Este fato, explicaria uma fecundação assexuada e considerada como um milagre. Já segundo a doutrina espírita, não existem milagres, todos os acontecimentos fazem parte da Lei Natural. Deus, em sua infinita perfeição, criou as normas que devemos seguir e não há a necessidade do Criador realizar milagres para provar sua grandiosidade. A questão dos milagres para o espiritismo é elucidada em “A Gênese”, no tópico, “Faz Deus milagres?”

“Não sendo necessários os milagres para a glorificação de Deus, nada no Universo se produz fora do âmbito das leis gerais. Deus não faz milagres, porque, sendo como são, perfeitas as suas leis, não lhe é necessário derrogá-las. Se há fatos que não compreendemos, é que ainda nos faltam os conhecimentos necessários. “

Segundo outro registro de Lucas, assim que Maria se viu grávida, ela teria viajado para uma pequena cidade, nas montanhas de Judá, a fim de visitar a sua parenta Isabel que, também se  encontrava grávida, mas de 6 meses, daquele que seria conhecido como João Batista. Quando ambas se encontraram, Maria saudou a parenta e, de imediato, Isabel foi envolvida por profunda emoção, a ponto de sentir o filho estremecer no seu ventre, fazendo com que, sob inspiração, respondesse à Maria com estas palavras: “Bendita é tu entre as mulheres e bendito o fruto de teu ventre! Donde me vem que a mãe do meu Senhor me visite? Pois quando tua saudação  chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria em meu ventre. Feliz aquela que creu, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor será cumprido!”

Maria de Nazaré, a amada e sublime mãe de Jesus, é reverenciada como o exemplo de amor e dedicação, de renúncia e sacrifício.

Maria de Nazaré, por ser um Espírito portador de grandes conquistas evolutivas e virtudes, e consciente da tarefa que deveria realizar na obra do Cristo, curva-se, humilde ante os desígnios celestiais, agindo sempre com prontidão, como que repetisse, vida a fora, a resposta que deu ao anjo quando, em nome do Pai, este lhe anuncia que seria a mãe de Jesus, o Salvador:  “Eis aqui a serva do Senhor, cumpra-se em mim segundo a tua palavra” (Lucas, 1:38).

Após o nascimento de Jesus, a família fixou residência em Nazaré, na Galileia. Pouco tempo depois, porém, e sob orientação do mesmo anjo (Gabriel) que anunciara a concepção de Maria,  a sagrada família foge para o Egito, a fim de escapar a fúria insana do rei Herodes que ordenou  a morte de todas as crianças com até dois anos de idade.  Com a morte de Herodes (ano 4 da nossa era), José, Maria e Jesus retornam à pequena e obscura Nazaré (Mateus2:23).

Em nossa condição de Espíritos ainda imperfeitos temos enorme dificuldade para entender a missão de Maria de Nazaré. Ela não pede maiores explicações, não exige saber quais serão as consequências e nem mesmo o que irá ganhar por assumir tal tarefa. Ela simplesmente, aceita o encargo, logicamente expressando todo o seu cabedal de espírito sublimado, assumindo uma das missões mais difíceis já desempenhadas neste nosso mundo terráqueo.

Educar um filho é sempre uma missão, conforme o descrito na questão 582 de O Livro dos Espíritos, codificado por Allan Kardec. Sendo uma missão, portanto, terá o missionário (os pais) que assumir as responsabilidades de sua ação junto àquela criança que Deus colocou em suas mãos, recolhendo as consequências advindas de sua execução. Dessa forma, nós podemos imaginar, mesmo que parcamente, o nível da responsabilidade assumido pelos pais de Jesus, em especial por Maria de Nazaré, que se dedicou com amor, carinho, compreensão e renúncia àquele filho que lhe vinha dos mais altos planos da vida, e que desempenharia espinhosa e árdua missão entre os homens.

Na condição de pais, pretendemos constantemente buscar o melhor para nossos filhos, preocupando-nos com seu bem-estar. Sofremos diante de suas dores e nos alegramos com suas alegrias e conquistas. Isso é natural, para a maioria dos pais e mães encarnados, que desejam estar ao lado de sua prole, para que possam sentir-se amparada em sua caminhada.

Imaginemos como se sentiu Maria ao perceber que seu filho muito amado, sendo rejeitado e mortificado pela ignorância humana, nada podia fazer para impedir o sofrimento daquele que lhe encantara os dias com a luz de suas palavras e de seus sorrisos.

Quando Maria afirmou: “Eu sou a serva do Senhor” ela compreendia que sua vida seria marcada pela renúncia e pela prática do amor incondicional.

Maria de Nazaré aceitava aqueles fatos dolorosos e tristes, que lhe causavam pesar profundo, como parte da missão que assumira diante de Deus. E, alicerçada pela própria fé inabalável, sofreu, mas sem revoltar-se, preocupando-se mais em buscar o filho amado para ofertar-lhe sua presença amorosa, tentando amenizar as dores e sofrimentos atrozes pelos quais passava.

Seu exemplo de fé deve inspirar a todos nós ao enfrentarmos as dificuldades da vida, os obstáculos que se apresentam em nosso caminho, com esperança, fé e coragem, pois sabemos que não estamos desamparados pela misericórdia infinita, que nos acolhe e nos trata como seus filhos queridos, que, entretanto, à guisa de proteção, não nos retira as oportunidades de aprendizagem, visando à nossa renovação interior conforme os padrões do amor e da luz, atitude essa consistente com o papel paterno.

Maria tinha a intuição vívida, embora toldada pelos efeitos provocados pela encarnação na matéria, de que haveria de cumprir os passos de uma estrada árdua, acompanhando o caminhar de seu filho querido, Jesus de Nazaré, que desde cedo apresentava condições excepcionais de consciência e clareza de sua missão terrena.

Ela havia sido advertida por Simeão, sacerdote no templo de Jerusalém, quando fora levar Jesus para a apresentação e purificação conforme as determinações da Lei de Moisés, que lhe disse: “e a ti Maria, uma espada transpassará tua alma! – para que se revelem os pensamentos íntimos de muitos corações.” (Lucas 2:35)

As preocupações de mãe sempre pesaram em seu coração, estando Jesus ao seu lado, agravando-se quando o Mestre partia em suas viagens missionárias no sentido de pregar a palavra de Deus. A ausência de notícias torturava-a, embora nunca esmorecesse em sua fé.

Esse é um fato comum a toda aquela que assume a função de mãe, o de se preocupar com os filhos desejando vê-los bem, em paz e felizes. No entanto, é preciso compreender que cada Espírito tem sua trajetória e necessidades individuais, e que não há como afastar ou eliminar os obstáculos do caminho dos próprios filhos, pois isso é uma tarefa individual e que por mais que os amemos, às vezes, muito pouco ou quase nada podemos fazer por eles, restando-nos oferecer preces a Deus para que possam ser iluminados e protegidos, e que escolham os caminhos consoantes às práticas evangélicas.

Maria, como qualquer mãe encarnada, quando Jesus retornava a Nazaré, depois de suas caminhadas pelas redondezas e cidades mais distantes, ela ficava feliz por estar de novo ao lado do filho amado, embora a consciência lhe advertisse que aquele homem, nada comum, trazia uma palavra que contestava os que dominavam o cenário político e social de então, e que isso lhe renderia sérias consequências.

Certamente a profecia de Simeão, mencionada anteriormente, de que aquele menino fora posto no mundo “para queda e soerguimento de muitos em Israel, e para ser um sinal contestado”, e que uma “espada traspassaria seu coração materno”, permanecera em sua alma como alerta constante.

Mesmo diante da dolorosa e indescritível dor, ao ver o filho ser perseguido e crucificado, jamais perdeu a confiança em Deus, aceitando com divina renuncia, Maria passa a se dedicar aos sofredores.

Na literatura espírita, encontramos vários registros sobre Maria na espiritualidade. O livro “Memórias de um Suicida”, de Yvone Pereira, descreve as atividades da legião dos servos de Maria, um grupo de espíritos especializados no resgate de suicidas nas zonas inferiores, após o socorro dos réprobos e os mesmos são encaminhados ao Hospital Maria de Nazaré. Esta instituição é dirigida pela mãe de Jesus. Camilo Cândido Botelho, autor espiritual desta obra, relata que a tarefa de cuidar de espíritos suicidas não poderia ser desempenhada por outro espírito a não ser Maria, por ela ser a referência de amor e dedicação fraternal.

Após o retorno do Mestre ao plano espiritual, Maria vai para Éfeso, levada pelo apóstolo João Evangelista para viver naquela cidade em uma casa humilde, onde ele poderia cuidar melhor dela consoante o pedido do Mestre ainda na cruz: – “Mãe eis aí teu filho. Filho eis aí tua mãe!”

Passa diversos anos atendendo aos desamparados da sorte que lhe vinham buscar as bênçãos e o amparo materno. A esses que lhe chegavam de todas as regiões, estendia ela os braços amorosos com o intuito de acolhê-los e ampará-los.

No plano espiritual, Maria continua cuidando de todos nós, e especialmente aos que por decisão própria resolveram abreviar a própria vida, pelas vias do suicídio. Maria de Nazaré, com sua Fraternidade composta por Espíritos de elevada hierarquia, recebem, amparam e encaminham a esses nossos irmãos que se deixaram levar mais pelas dúvidas e desesperança do que pela fé em Deus, demonstrando assim que não há ninguém desamparado e que seu amor de mãe nos acompanha a todos.

Assim, é justo e certo que quando estamos diante de situações aflitivas recorramos ao amor materno de Maria que jamais nos negará consolo e amparo.

Que o exemplo de Maria de Nazaré ao lado de Jesus sempre, resignada e submissa à vontade de Deus, possa nos inspirar para termos coragem diante das situações difíceis que enfrentamos, dando-nos a coragem e a fortaleza necessárias para caminharmos em direção da Luz e da Perfeição.