DESIGUALDADE DAS RIQUEZAS
(Cap
XVI E.S.E – Não se deve servir a Deus e a Mamon)
Meus irmãos, minhas irmãs, que a paz de Jesus
esteja conosco.
Hoje, queremos refletir sobre um tema que toca
profundamente a nossa sociedade e os nossos corações: a desigualdade das
riquezas. Olhamos para o mundo e nos questionamos: por que uns têm tanto e
outros, tão pouco? É uma pergunta que, à primeira vista, parece nos levar a um
beco sem saída, especialmente se considerarmos apenas esta vida, este momento.
Mas, como espíritas, somos convidados a expandir nossa visão, a olhar para além
do véu material, para a imortalidade do espírito.
A Riqueza na Perspectiva da Lei
de Progresso
Muitos se perguntam: "Por que Deus não nos deu
a todos a mesma riqueza?" A resposta é simples e complexa ao mesmo tempo.
É simples porque se baseia na lei de progresso; é complexa porque exige que
enxerguemos a vida como um todo, não apenas um fragmento.
Pensem comigo: se todos fôssemos igualmente ricos,
o que aconteceria? Se a riqueza fosse repartida em partes iguais, cada um de
nós teria o mínimo, apenas o suficiente para sobreviver. E o que aconteceria
com os grandes avanços da humanidade? Com as descobertas científicas? Com as
grandes obras de arte? Com o desenvolvimento da nossa sociedade? O aguilhão
do progresso — a necessidade, a vontade de superar desafios — deixaria de
existir.
Não seríamos mais impulsionados a buscar, a criar,
a inovar. O mundo estagnaria. Deus, em sua infinita sabedoria, permite que a
riqueza se concentre, mas não de forma estática. Ela flui, se move, de acordo
com as necessidades e, principalmente, com o mérito moral de cada um. É um
fluxo constante que se realinha a cada existência, a cada escolha.
A Riqueza como Prova e o
Livre-Arbítrio
Mas então, por que a riqueza é dada a pessoas que
parecem incapazes de usá-la para o bem? Aqui entramos na profundidade da
sabedoria divina. A riqueza é, para o espírito, uma prova.
Assim como a pobreza é a prova da paciência, da
resignação e da fé, a riqueza é a prova da caridade e da abnegação. Ela nos dá
o poder de agir, de transformar o mundo ao nosso redor. E com esse poder, vem a
responsabilidade.
Deus nos deu o livre-arbítrio para que
pudéssemos, por nós mesmos, distinguir o bem do mal e fazer as nossas escolhas.
Ele não nos conduz cegamente. O dinheiro, os bens, são meios para exercitar
esse livre-arbítrio. É a nossa oportunidade de mostrar o que aprendemos, de
exercitar o amor e a compaixão.
Quando vemos a riqueza sendo mal utilizada, o
egoísmo e o orgulho prevalecendo, é natural que nos entristeçamos. E nos
perguntamos: "Isso é justo?" Se olharmos apenas para a vida presente,
talvez não encontremos a resposta. Mas a Doutrina Espírita nos convida a
considerar o conjunto das existências.
A Lei de Causa e Efeito e a
Reencarnação
A chave para entender a desigualdade das riquezas
está na lei da reencarnação. Ninguém é rico por acaso, e ninguém é pobre
por acaso. Aqueles que hoje estão na pobreza, talvez já tenham tido grandes
riquezas em vidas passadas e não souberam usá-las para o bem. Agora, em uma
nova encarnação, têm a oportunidade de passar pela prova da privação, de
aprender a humildade, a resiliência e a solidariedade.
Da mesma forma, aquele que hoje é rico pode ter
conquistado essa condição por mérito de existências anteriores, ou está
passando pela grande prova da riqueza. Em uma vida, um espírito pode ser o
benfeitor generoso que distribui os bens que lhe foram confiados. Em outra, ele
pode vir na condição de necessitado para aprender a valorizar o que antes
desperdiçou.
Tudo se equilibra na balança da justiça divina. Não
há motivos para o pobre invejar o rico, nem para o rico se orgulhar de seus
bens. O que importa, meus irmãos, não é o que temos, mas o que fazemos
com o que temos. Não é a nossa condição material, mas a nossa condição moral.
As leis humanas podem tentar redistribuir a
riqueza, mas, como o próprio Codificador nos ensina, leis não mudam corações. A
verdadeira mudança virá quando o egoísmo e o orgulho forem substituídos pela caridade,
quando a fraternidade for a lei que rege as nossas ações.
Que possamos, ricos ou pobres, entender nossa
responsabilidade. Sejamos, todos nós, instrumentos do amor de Deus,
independentemente da nossa condição material. Pois a maior riqueza que podemos
acumular é a do espírito, aquela que as traças e a ferrugem não corroem.
Conclusão:
Fim das desigualdades das
riquezas
Surgirá em algum tempo na face da Terra em que
haverá o fim das desigualdades das riquezas?
Kardec na última questão do Livro dos Espíritos (q.
1019) pergunta aos Espíritos:
1019. Poderá jamais implantar-se na Terra o reinado do bem?
“O
bem reinará na Terra quando, entre os Espíritos que a vêm habitar, os bons
predominarem, porque, então, farão que aí reinem o amor e a justiça, fonte do
bem e da felicidade. Por meio do progresso moral e praticando as leis de Deus é
que o homem atrairá para a Terra os bons Espíritos e dela afastará os maus.
Estes, porém, não a deixarão, senão quando daí estejam banidos o orgulho e o
egoísmo.”
Que assim seja.